Consideramos a Análise Estatística Implicativa – ASI – (Gras & al. 2009, 2013, 2017) como um quadro teórico para construir, tratar, analisar e interpretar os dados. Desde a sua origem (1979) a partir dos trabalhos do fundador Régis Gras, a originalidade da ASI foi de orientar a construção da sua ferramenta, não somente, nas variáveis geradoras de dados, mas também, numa primeira fase, na pesquisa de relações não simétricas entre variáveis e, além disso, entre grupos de variáveis. Ao longo dos 40 anos de desenvolvimento, a natureza das variáveis a serem tratadas pela ASI evoluiu passando das variáveis binárias para variáveis numéricas discretas ou continuas com valores no intervalo [0 ; 1] bem como a população de estudo passando de numerável para continua. Os modelos matemáticos e estatísticos mobilizados para fundamentar os critérios de seleção das associações a serem retidas evoluíram para se adaptar a natureza das variáveis e da população. Assim foram desenvolvidos, entre eles, os conceitos de quase-implicação entre variáveis binárias e de índice de implicação, os de propensão entre variáveis não-binárias e índice de propensão enquanto extensão do caso binário. Quanto às associações entre grupos de variáveis, foram desenvolvidos índices de coesão que permitem a construção de classes numa classificação hierárquica orientada no sentido de que para cada nível obtemos uma partição dentro da qual as classes são vinculadas pela relação de quase-implicação. Assim partiremos da apresentação da ASI na sua problemática histórica para situa-la no campo da estatística e tentar pensa-la tanto como objeto de aprendizagem pelo pesquisador quanto caixa de ferramenta, e identificar e explicitar as dificuldades e os obstáculos que podem surgir e limitar o trabalho de pesquisa.